Partindo do princípio, segundo Platão, de que as imagens não correspondem à realidade, o espetáculo de representações ao qua assistimos nas redes sociais configuram a nova Caverna contemporânea de Platão.
O nosso tecido sócio-digital, do qual todos nos vestimos diariamente está prenhe de nódoas de irrealidade e, como tal, no meu modesto entender, perante o exercício individual de tentarmos encontrar sentido nos nossos respetivos mundos individuais, através duma base que carece de solidez, requer cautela.
Embora o senso comum nos convide a acreditar na ideia de que uma imagem vale mais do que mil palavras, também uma imagem ou palavras podem não coincidir com a verdade ou com a realidade.
Então em que ficamos? Acreditamos piamente naquilo que os nossos sentidos percecionam, ou desacreditamos de tudo? Não sei, é por não possuir a resposta que partilho a inquietação. Talvez se trate duma faca de dois gumes. Ou se tem a sorte de encontrar alguém autêntico ou se cai no conto do vigário.
É muito frequente, fácil e ligeiro partilharmos aquilo que as pessoas gostam de ver, nomeadamente, cenários, carros, casas, roupas, lifes styles aprazíveis e invejáveis. Porém, questiono; numa relação verdadeira, haverá autenticidade, mostrando-se apenas aquilo que é bom?
Suponhamos, a respeito do clima. Seria autêntico dizer que anualmente só faz sol? Mostrar só o sol, porventura seria a única coisa que há a dizer a respeito do clima dessa região? Porventura também não há períodos vento, granizo, tempesteaste, depressões que intercalam o bom tempo contrariando a propaganda enganosa de que ”aqui só faz sol” ?
Longe de ser especialista nesse assunto, daquilo que já me apercebi, sobre o Clima, na minha condição de vivente vulnerável ao mesmo é que este é feito, precisamente, dessa oscilação, desse jogo, no qual somos (seres ) intercetados pelos raios de luz e avassalados pelo frio, vendo e chuva. Querer mostrar ,apenas e só, o brilho, pode ser agradável mas não traduz a realidade, sugiro.
Em suma, prefiro adotar a dúvida metódica de René Descartes, duvido, primeiramente, com a ambição de me aproximar da verdade, isto é, daquilo que é indubitável. Assim não incorremos facilmente por caminhos cujos solos são minados por cascas de banana ou areias movediças .